Exercício da Hora Santa nas Quintas-feiras
A consagração do dia da primeira sexta-feira de cada mês, deverá ser preparada, de véspera, pelo piedoso exercício da Hora Santa, prática revelada por Jesus a Santa Margarida Maria:
"...e para Me acompanhares na humilde Oração que Eu apresentei a meu Pai, no meio de todas as minhas angústias;
Todas as quintas-feiras, levantar-te-ás, entre as onze horas e a meia-noite, para comigo prostrares durante uma hora, com o rosto por terra, assim para aplacar a ira divina, pedindo misericórdia para com os pecadores, como para adoçar, de alguma maneira, a amargura que Eu sentia com o desamparo em que me deixavam meus apóstolos, o qual me obrigou a lançar-lhes em rosto o não terem podido velar uma hora comigo".
Nosso Senhor pedia e pede ainda hoje, esta santa vigília todas as quintas-feiras.
Uma alma fervorosa não recusaria ao boníssimo Jesus velar uma hora em união com Ele, uma vez por mês, ao menos durante a novena de comunhões reparadoras.
Mas, como é evidente que nem todos podem fazer esta hora de orações no horário de onze horas à meia noite, a Igreja antecipou para as duas horas da tarde até à meia noite.
Durante essa hora devemos meditar nos sofrimentos do Senhor Jesus, principalmente na sua Agonia no Horto das Oliveiras.
Renovemos a leitura da narração desta agonia segundo os Evangelistas:
Perto do Monte das Oliveiras havia um lugar com um jardim cognominado de Getsêmani.
Jesus ali penetrou com seus discípulos, depois da celebração da Ceia.
Como ia ali muitas vezes orar com eles, aquele lugar era conhecido por Judas, que traía o Mestre.
Então Jesus disse a seus discípulos:
"Ficai aqui enquanto vou além para orar.
Orai vós mesmos, para não sucumbirdes à tentação."
Levou com Ele somente Pedro e os filhos de Zebedeu, Tiago e João, e começou a sentir-se possuído de terror, desgosto, tristeza e de angústia.
"Minha alma está triste até à morte, dizia Ele, ficai aqui e velai comigo". Depois afastou-se a pequena distância e, ajoelhando-se com a fronte em terra, rezou para que, se fosse possível, se afastasse d'Ele a hora que se aproximava.
"Meu Pai, se for possível, e tudo Vos é possível, afastai de mim este cálice. Seja, porém, feita a Vossa vontade e não a minha!"
Interrompeu a oração para ir ter com os discípulos, encontrando-os dormindo, diz a Pedro:
"Simão, tu dormes?" Depois dirigindo-se aos outros dois:
"Então não pudestes velar uma hora comigo?...
Levantai-vos, vigiai e orai para não entrardes em tentação; pois, se o espírito está pronto, a carne é fraca."
Afastou-se novamente e repetiu a mesma oração:
"Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, cumpra-se a Vossa Vontade!"
Voltou de novo aos discípulos e encontrou-os ainda dormindo; tinham os olhos pesados de sono.
Tendo-os deixado, orou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras:
"Meu Pai, se o quiserdes, afastai de mim este cálice;
Contudo, não se cumpra a minha vontade mas a Vossa."
Tinha entrado em agonia e sua oração tornava-se cada vez mais insistente.
Veio-lhe como que gotas de sangue, rolando até a terra.
Então o Anjo vindo do Céu apareceu-Lhe e O confortou.
Pela terceira vez, Ele voltou a seus discípulos dizendo:
"Dormi e repousai. Basta! Chegada é a hora..."
"Eis que o filho do Homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos, aproxima-se aquele que me deve trair."
Jesus Cristo disse à Santa Margarida Maria:
"Eu estou procurando para o meu Coração uma vítima que se queira sacrificar como hóstia a ser imolada para a realização de meus desígnios.
Minha filha, queres dar-me o teu coração para consolar o meu Coração, cujo Amor a maioria despreza?"
Senhor Jesus, eu Vos respondo como Santa Margarida Maria: sou Vosso, inteiramente Vosso, fazei de mim o que Vos aprouver.
Vós sabeis porém, que as vítimas devem ser inocentes e eu não passo de um pecador.
Contudo, meu Deus, quer eu viva, quer morra, desejo ser vítima do Vosso Coração, sentindo amargo tudo o que não é do Vosso Agrado;
Sentindo-me vítima da Vossa Santíssima alma por todas as angústias que a minha possa suportar, vítima do Vosso Corpo, pelo desapego de tudo o que possa gerar o mal e pelo ódio implacável à carne pecaminosa.
Oh! Divino Coração, se tivesse mil amores, mil vidas, todas vo-las imolaria!
Quisera ter mil corpos para sofrer e mil corações para Vos adorar, honrar e exaltar...
Jesus adorado, fazei-me digno, a fim de que possas realizar os desígnios de Vossa Santíssima vontade.
Coração Sagrado, vinde e descei ao meu coração para fazer-me digno de Vossa Grande Promessa. Amém.